quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Lágrimas de Arruda


Conheçemos bem a história de José Roberto Arruda. Ele é acusado de distribuir propina a seus aliados. Quem é que não se lembra de Leonardo Prudente? O famoso do caso do 'dinheiro na meia'! (http://www.youtube.com/watch?v=qjjx0SLbp10).
Arruda teve sua prisão preventiva decretada nesta quinta-feira (11/02/2010). O decreto foi expedido após parecer da Procuradora-Geral da República. Por 12 votos a 2, os ministros da Corte Especial do STJ determinaram a prisão do governador e de mais quatro pessoas envolvidas na tentativa de suborno do jornalista Edmilson Edson dos Santos, conhecido como Sombra. Arruda foi preso, portanto, por tentar subornar Sombra, para que este mentisse em depoimento à Polícia Federal.

Antes do episódio, Arruda chorou em público, durante um discurso e pediu perdão a todos que nele votaram e, portanto, lhe depositaram confianças.
Eu me pergunto: daonde é que essas lágrimas vêm?
Os políticos pensam que as lágrimas redimem até mesmo as maiores patifarias?

Que Arruda leve as lágrimas com ele para a cadeia e de lá saia um homem melhor.
Se lágrimas não resolvem, quem sabe a privação de liberdade o faça.

Estudos...


Já não é de hoje que o estudo vem sendo praticado de maneira equivocada.
Vemos que os alunos não mais estudam para, de fato, aprenderem algo. Mas sim, o fazem para 'tirar nota' na prova. O objetivo não é mais aprender: é 'passar de ano'.

Mas então deve-se utilizar outro termo, porque estudar não busca esses objetivos, mas sim, primordialmente, busca a apreensão de algum saber.

Esse assunto já me ocupa o pensamento há algum tempo, mas, principalmente, desde que fui aluna do professor André Peixoto, que critica o sistema de avaliação brasileiro com convicção e firmeza.
Mas o que me fez vir até aqui, exteriorar isso, foi o que um novo professor, Demeterco, falou no primeiro dia de aula:

"O problema é estudar para fazer a prova.
E não fazer a prova porque se estudou."

Parece bobo? Pois não é. Bem compreendida, você percebe que essa frase nos fala nada mais, nada menos que a verdade, que, apesar de verdade, é um fato lastimável.
Os alunos passam grande parte do tempo inertes, tranquilos; quando chega o momento da prova, 'estudam' na véspera e, pouco tempo depois de realizá-la, nada mais sabem sobre o assunto.


É esse o objetivo do seu estudo? Realizar uma prova, 'tirar nota e passar' e depois nada saber?
É provável, e esperado, que a resposta seja negativa.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Satyagraha

A Satyagraha, originariamente, foi uma filosofia desenvolvida por Mahatma Gandhi, que une as palavras Satya (Verdade), e agraha (firmeza), podendo ser, portanto, definida como "Firmeza na verdade"; foi método-base do famoso movimento Resistência Não-Violenta, desenvolvido pelo próprio Gandhi.

A Operação Satiagraha que hoje tanto ouvimos, por sua vez, é uma operação da Polícia Federal que visa investigar e punir autores de crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e desvio de verbas públicas. O termo Satiagraha foi utilizado com essa intenção: buscar a verdade; firmeza na verdade.
Como é sabido, o principal indiciado pela operação foi o banqueiro Daniel Dantas e, do outro lado, como principal investigador, temos o delegado Protógenes Queiroz.
Sabemos, igualmente, a inversão de papéis - e de valores - que aconteceu no decorrer da investigação: Protógenes, ao invés de ser clamado por desmascarar o banqueiro, foi afastado da ivestigação e acusado de excessos e de uso de meios de prova ilícitos. Dantas, pelo contrário, só se deu bem:
Em 8 de julho de 2008, Dantas foi preso. Todavia, no dia seguinte ao da prisão, o Ministro do STF, Gilmar Mendes, concedeu um habeas corpus para o banqueiro, por julgar desnecessária a sua privação de liberdade.
Em 10 de julho, o banqueiro é novamente preso, agora preventivamente, por corrupção ativa, isto é, por tentativa de suborno ao delegado Protógenes.
Pasmém: a Danta é concedido novo habeas corpus, novamente pelo Ministro Gilmar Mendes!
Não bastasse a concessão desse remédio constitucional, por duas vezes, no dia 13 de agosto do mesmo ano, foi aprovada a súmula vinculante número 11 - por unanimidade dos membros do Supremo - popularmente conhecida como "Súmula Cacciola-Dantas", com o seguinte texto:

"Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado."

Oras, é óbvio que essa súmula visa evitar que colarinhos brancos sejam 'constrangidos' dessa forma! Agora, que estejam informados os que dispõe de menor patrimônio, pois essa súmula, certamente, não será respeitada!


Enfim. Dando continuidade, após a equivocada concessão desses habeas corpus, em 14 de julho de 2008, o delegado Protógenes Queiroz foi informado que seria afastado da investigação por ter cometido excessos e, também, pela incompatibilidade de continuar nesta operação, por sua complexidade, e se preparar para um curso no qual estava inscrito: em outras palavras, o delegado estava começando a saber demais, o que não foi conveniente para o sistema corrupto que existe - e que desconhecemos! Protógenes até denunciou obstrução da investigação, mas não obteve êxito.

O Presidente da República, Lula, em duas ocasiões, se pronunciou a respeito do afastamento do delegado, mas nada fez além disso:

"Eu estranhei a notícia (sobre a saída de Protógenes), e já falei com o ministro Tarso Genro para conversar com a Polícia Federal porque eu acho que esse delegado tem de ficar no caso"

"... foi um erro brigar com o delegado, que é o herói da história"


Sei que essa postagem é extremamente intempestiva, todavia, não vejo problemas em fazê-lo e tentar disseminar o máximo possível este fato lamentável.
Não sei se ainda tem validade, mas deixo um link para, quem quiser, assinar uma petição direcionada ao Presidente da República, questionando o afastamento do delegado.

http://www.petitiononline.com/gandhi2/petition.html

E finalizo com uma lição de Gandhi: "Há riqueza bastante no mundo para as necessidades do homem, mas não para a sua ambição."

Essa é direcionada a tipos como o de Daniel Dantas: apesar de já ter mais do que a maioria das pessoas, querem mais e mais... e sempre mais!