sexta-feira, 5 de março de 2010

Georg Wilhelm Friedrich Hegel - Primeiras noções

De maneira preliminar, demonstrarei o entendimento de alguns pontos específicos da Filosofia de Hegel (daquilo que até o momento pude 'compreender'):

Ciência:

Pode-se dividir a ciência em:
1. LÓGICA (metafísica) ou ciência da idéia em si e para si;
2. FILOSOFIA DA NATUREZA ou ciência de idéia em sua existência exterior a si mesma;
3. FILOSOFIA DO ESPÍRITO ou ciência da idéia que, após sua exteriorização, volta a recolher-se em si mesma.

Portanto, na natureza, assim como no espírito, encontramos a idéia. Só que na natureza a idéia tem uma existência exterior, ao passo que no espírito a idéia somente existe em si e para si (recolheu-se).

Consciência:

- PROCESSO DE FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA:
1. Relações Morais (família/ vida social);
2. Linguagem (simbolizações/ representações);
3. Trabalho (interação do homem com a natureza para extração de seus meios de subsistência).

As relações morais explicam o papel que o Outro exerce na formação da consciência de um indíviduo¹. Ou seja, o indivíduo só se reconhece quando o Outro o reconhece. E este, por sua vez, depende do reconhecimento daquele para se reconhecer como tal.
O trabalho mostra a maneira com que o homem interage com a natureza, considerando-a objeto donde extrai os meios de sua subsistência.
A linguagem se dá pelos processos de simbolização e representação e, pode-se dizer, origina as outras duas fases do processo (moral e trabalho), podendo ser considerada como de maior importância. Entretanto, não é assim tratada por Hegel, que estabelece as três fases em uma mesma linha de importância.


- ETAPAS DO PROGRESSO DA CONSCIÊNCIA:
1. Consciência sensível: trata-se daquela consciência que supõe apreender o concreto na sensação. Contudo, segundo Hegel, essa apreensão só se efetiva com o conceito do objeto, que permite estabelecer-se uma relação das qualidades sensíveis com o objeto determinado/conceituado;
2. Entendimento: trata-se da busca pelo alcance da essência dos fenômenos, sendo, portanto, o mundo supra-sensível produto do entendimento;
3. Consciência de si: diz Hegel "Ao retirar o véu que cobre o real, procurando penetrar nas coisas, encontramos apenas a nós mesmo."
Ou seja, a consciência descobre dentro dela o ser que ela achava estar fora de si, daí consciência de si;
4. Consciência de si em si e para si: aqui, pode-se dizer, a consciência chega ao seu ápice: é o momento em que ela se completa e é em si e para si, justamente pelo reconhecimento da Outra.


Dialética:

A dialética supõe Tese, Antítese e Síntese.

1. TESE: idéia absoluta ou razão - EU;
2. ANTÍTESE: sair de si da idéia - natureza - (desgradação) - NÃO EU;
3. SÍNTESE: regeneração da idéia no espírito - EU ABSOLUTO.


Fenomenologia do Espírito:

A Fenomenologia descreve o itinerário da alma que se eleva a espírito por meio da consciência; descreve a história do espírito humano: da consciência do conhecimento comum ao saber absoluto. Isso ocorre em etapas, dialeticamente, onde as mais elevadas contém as inferiores, como momentos suprassumidos (mantém-se as etapas inferiores).
Hegel concebe que devemos saber lidar com as contradições já que estas vem refutar afirmações e trazer uma nova concepção da consciência do real, de modo que aquelas são suprassumidas, isto é, negadas na idéia original, mas conservadas na sua essência profunda. Hegel exemplifica o movimento dialético com a flor, que nega a realidade do botão, mas que o conserva na sua essência já que a inexistência daquele acarretaria a sua inexistência.
Nas etapas, então, o inferior é anulado pelo superior, porém, sem que esta elimine aquela ao superá-la, mas, sim a conserva (a suprassume).
O saber absoluto (síntese no processo dialético) não é algo inacessível ao saber, mas é o saber de si mesmo no saber da consciência: a auto-reflexão. O saber fenomênico é o saber progressivo que o absoluto tem de si mesmo.


A dialética do Senhor e do Escravo:

Nessa metáfora, Hegel pretende demonstrar o processo da identidade da consciência em sua luta pelo reconhecimento pelo outro (a outra consciência). Verifica-se, porém, através de leitura da Fenomenologia, que essa luta pelo reconhecimento se dá, em verdade, em um único sujeito com duas - ou mais - consciências².
Primeiramente uma consciência - Senhor - visa submeter a outra ao tê-la como objeto - Escravo -, não obstante, ao mesmo tempo, por depender do reconhecimento desta, indiretamente a concebe também como sujeito. Assim, essa outra consciência - escravo - é, ao mesmo tempo, sujeito e objeto. Dessa maneira, as consciência se provam em uma luta de morte (dominação).
Ou seja, o senhor submete o escravo, contudo, depende que este o reconheça como senhor, reconhecendo, implícitamente, que o escravo é também sujeito. Este último, assim, é reconhecido como sujeito pelo senhor e para este trabalha, garantindo a sua existência.
Ora, dessa maneira o escravo supera sua condição de consciência submetida à do senhor, enquanto este, dependendo do reconhecimento e do trabalho daquele, se rebaixa a uma condição inferior.
Assim, invertem-se, dialeticamente, as posições das consciências e quem antes era sujeito, agora se reduz à mero objeto e o objeto se eleva a sujeito.

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¹ 178. "A consciência de si é em si e para si quando e porque é em si e para si para uma Outra; quer dizer, só é como algo reconhecido."
Cap. IV - A, pg. 126. em HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Fenomenologia do Espírito.

² 178 "O desdobramento do conceito dessa unidade espiritual, em sua duplicação, nos apresenta o movimento do reconhecimento."
Idem.



Bibliografia:
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Fenomenologia do Espírito. Vozes. 1992
MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia. Jorge Zahar. 2005
CABALLERO, Alexandre. A Filosofia através dos textos. Cultrix. n/d.

quarta-feira, 3 de março de 2010

CENSURA NUNCA MAIS - 2ª edição

- - - - CAPA ORIGINAL - - - - CAPA QUE FOI ÀS BANCAS

Pois é: a capa da revista MAD foi censurada! Censura nunca mais... é só sonho mesmo.
Pior do que a censura, em si, é quem a censura protege: a Ministra da Casa Civil - e candidata à Presidência - Dilma Rousseff.
Agora pensemos: é ou não é uma incongruência alguém que lutou contra a ditadura aquiescer com uma censura expressa como a que foi submetida a revista MAD?

O mais curioso é que o blog da MAD postou críticas acerca da censura e, poucas horas depois, a postagem em questão desapareceu e nos deparamos com essa mensagem:
E, além disso, a editora Panini, responsável pela publicação, foi (a meu ver) coagida a divulgar a seguinte nota: "Com relação à questão da capa da edição 23 da revista "Mad", as decisões sobre a publicação das capas fazem parte de processos internos da empresa, não se tratando de qualquer tipo de censura ou veto".

E o que é pior: justamente essas contradições é que comprovam a existência da censura. Esse desespero de tentar provar o contrário é que evidencia que, sim, ainda não conseguimos acabar com a censura!
É triste imaginar quantas outras milhares de verdades nos são omitidas assim, como se jamais tivessem acontecido... e o que fazer para mudar? > DIVULGAR O QUE DESCOBRIRMOS!

Penso que, por ora, é o que podemos fazer.
E de olho na Dilma!

Mais em: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/02/26/censurada-capa-da-revista-mad-com-dilma-269651.asp

e em: http://portalimprensa.uol.com.br/portal/ultimas_noticias/2010/02/25/imprensa33960.shtml