terça-feira, 21 de julho de 2009

Congresso Nacional


"Arquitetura não constitui uma simples questão de engenharia, mas uma manifestação do espírito, da imaginação e da poesia.

No Palácio do Congresso, por exemplo, a composição se formulou em função desse critério, das conveniências da arquitetura e do urbanismo, dos volumes, dos espaços livres, da oportunidade visual e das perspectivas e, especialmente, da intenção de lhe dar o caráter de monumentalidade, com a simplificação de seus elementos e a adoção de formas puras e geométricas. Daí decorreu todo o projeto do Palácio e o aproveitamento da conformação local, de maneira a criar no nível das avenidas que o ladeiam uma monumental esplanada e sobre ela fixar as cúpulas que deviam hierarquicamente caracterizá-lo.

Tivesse estudado o Palácio com espírito acadêmico, ou preocupado com as críticas, e ao invés dessa esplanada, que a muitos surpreende pela sua imponência, teríamos uma construção em altura.

... que hoje se estende em profundidade, além do edifício, acima da esplanada, entre as cúpulas, abrangendo a Praça dos Três Poderes e os demais elementos arquitetônicos que a compõem, somando-se plasticamente e tornando, assim, a perspectiva do conjunto muito mais rica e variada.

A cúpula da Câmara dos Deputados demandava um estudo cuidadoso que a deixasse com que apenas pousada sobre a esplanada, isto é, a cobertura do prédio; o mesmo acontecia com esta última, cujo topo é tão fino que ninguém imagina constituir, internamente a galeria do público que liga os dois plenários.

Internamente, o projeto procura criar os grandes espaços livres que devem caracterizar um palácio, para isso utilizando elementos transparentes que evitam transforma-los em pequenas áreas.

A forma arquitetônica - mesmo contrariando princípios estruturais - é funcional quando cria beleza e se faz diferente e inovadora."



Oscar Niemeyer foi um tanto engenhoso - e utópico - na realização do projeto do Palácio do Congressso. O motivo de eu afirmar isso é, pura e simplesmente, a criatividade e a intenção de Niemeyer nisto tudo. Primeiramente, o projeto foi baseado na justiça inglesa, onde o edifício mais alto era composto pelos lordes e, o mais baixo, obviamente, pelos 'demais' membros. Comparativamente com nosso Congresso, o prédio baixo é a Câmara dos Deputados - a casa maior, com a base virada para cima -, e o prédio alto, o dos lordes, o Senado Federal - a casa menor, sobre a casa maior.
Se unindo as duas, a Câmara dos Deputados fica em baixo e o Senado encaixa em cima, ilustrando perfeitamente a divisão hierárquica que Niemeyer ensejou no projeto.

Agora observe as duas torres e o corredor que as une: a torre do Senado Federal (I), a torre da Câmara dos Deputados (I) e a passarela que as une (-), formam a letra H.

Pois é, como eu disse no início acerca da engenhosidade e da utopia: O H foi inserido ali, propositalmente, para simbolizar a Humanidade, querendo que, para o Congresso Nacional, a maior preocupação fosse, de fato, com a humanidade.

Imagine se o H significasse honestidade...

O H está ali... vamos esperar que os membros do Congresso se recordem de sua significação!

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